Casacos Granny
O casaco branco
Eu adorei esta primeira experiência que tive a fazer roupa em croché, eu passei o processo todo ansiosa por ver o resultado final e garantir que me iria servir confortavelmente. Desfrutei de cada ponto que fiz, explorei várias alternativas para o acabamento (rebordos e punhos), e apesar de ter mudando de ideia ao longo do trabalho no final das contas, correu tudo bem e não tive de desfazer nada, tanto para o casaco branco como para o ferrugem. Mas agora vamos por partes, porque mesmo tendo feito dois casacos muito semelhantes, as experiências foram um tanto diferentes.
Começando pelo primeiro, o casaco branco, não consigo evitar senão começar pelo que fiz incorretamente: a escolha da linha. Apesar de adorar o aspecto do resultado final, infelizmente usar linha de algodão crua é de uma espessura bem larga fez com que o casaco pesasse uns 2 a 3 kg (ainda não tive coragem de pesar, usei o peso dos novelos usados como referência). Devia ter usado uma agulha um pouco mais grossa para deixar a linha mais flexível, e por consequência evitar uma tensão muito forte na linha, mas penso que isso não iria resultar porque esta linha de algodão é um pouco grossa demais e bem sólida, nada que se possa comparar com a leveza e elasticidade de uma linha de acrílico ou lã. Mas feito teimosa não quis parar o trabalho e deixei-me levar até ao final, tendo sempre em mente que mesmo não sendo perfeito e como o idealizei, não deixa de ser um casaco feito à mão ir mim e para mim!
Com este aprendi o que não fazer e o que posso melhorar.
Mas basicamente este foi o único erro que fiz com o casaco branco, porque eu simplesmente adorei o formato balão das mangas, o rebordo e os punhos foram algo que fiz pela primeira vez e ficou como eu queria.
É um trabalho que se faz com toda a tranquilidade e rapidez, não requer a contagem constante de pontos, o que dá uma excelente alternativa para quem queira fazer, como eu, uma pausa de amigurumi e das “rezas” como diz o meu marido.
Dica
Escolher bem a linha a usar. Até pode ser algodão, mas a fiação deve ser leve e solta, para evitar fazer uma peça pesada.
Com base na dica anterior, a outra dica a dar é: não ter medo de usar uma agulha um pouco maior do que a espessura da linha. Isso vai fazer com que a linha não fique com uma tensão muito apertada e dê a elasticidade necessária.
Casaco Ferrugem
Acho que fui muito aventureira ao escolher a linha Fluffy Days, nem me passou pela cabeça que ia correr o risco de não poder desmanchar o trabalho caso precisasse de fazer alguma correção, e porquê?! Porque os pelinhos enrolam-se uns nos outros ao pontos de fazer nós e não ter como desmanchar pontos. E se puxasse em demasia, acabava por partir a linha. Outra desvantagem ainda relacionada com o tipo de linha que escolhi, é que eu já me estou a ver a aparar os pêlos do casaco com uma tesoura de tempos a tempos, o borboto a acumular-se e o cuidado especial a cada lavagem. Porque mesmo lavando à mão, não acredito que se vá escapar de ter alguns nós, mas como ainda não o fiz, não tenho como vos dizer como correu a lavagem. (Atualizarei este post no dia em que o fizer.)
Agora focando-me na parte boa de fazer este trabalho. Sem sombra de dúvida que esta linha foi bem mais fácil de trabalhar, mais leve e de uma elasticidade absurda. Optei por esta linha de acrílico por estar em saldos na Hobbii, a cor chamou-me bastante a atenção e queria experimentar uma textura diferente, então porque não algo com pêlo?!
Com base na experiência com o casaco branco, segui os mesmos passos básicos para o corpo do casaco aplicando o conjunto de três pontos altos como se faz com os *granny squares* mas quis personalizar um pouco, mantendo as mangas em balão mas com uns punhos mais longos - inspirei-me no casaco da Major do filme *Ghost in the Shell*, e por causa disso ainda hei de fazer uma versão do casaco com um verde militar.
Sendo assim, para os punhos pesquisei por pontos que se dessem o efeito de tricô elástico mas bem fechado, para que ficasse justo ao braço. E como não sabia se os punhos iam ficar bem, se iria gostar do efeito, eu optei por fazê-los à parte e costurá-los à manga posteriormente, até porque, mais uma vez, estava a usar uma linha com pêlo e não ia ter como desmanchar caso eu não gostasse do resultado. Mas no final, correu tudo bem.
Depois para o rebordo, quis um efeito idêntico ao do casaco branco em que os pontos dão a volta toda ao casaco sem interrupções e com pontos um pouco decorativos, então porque não intercalar uma carreira de pontos baixos com uma de pontos médios?! O entusiasmo foi tanto que cometi um erro que não pude corrigir… as pontas da frente do trabalho enrolam-se, tudo porque me esqueci de fazer um aumento de pontos de cada vez que chegava às pontas.
À medida que fui usando o casaco fui detetando pequenos defeitos, pontos que falharam e medidas que podiam ter sido outras, mas desta vez em vez de me sentir desapontada pelas falhas que cometi eu estava feliz por ter sido a primeira vez que fazia uma peça sem seguir uma receita específica. Eu estudei e analisei como gostaria de fazer algo meu e com base no meu estilo e foi isso que fiz, sem medo de errar e acima de tudo, sem medo de estar a “perder tempo e material” com algo que não era garantido que iria dar bom resultado.
Agora tenho gente a querer encomendar o casaco e eu não sei se me sinto preparada para o reproduzir tal e qual ao meu, no entanto já ando a conspirar algumas ideias para estes pedidos. Talvez venha a redigir uma receita para disponibilizar online… fica aqui a ideia registada. Enquanto isso não acontece, vamos às dicas.
Dicas
Se estás com ideias de te aventurar como eu a fazer uma peça de roupa em crochê, vai vestindo a peça para ver como ela vai caindo. Usa marcadores de pontos para juntas as várias partes e ir experimentando, tirando medidas e notas.
Se fores testar punhos e rebordos que nunca fizeste, é preferível despender de algum tempo extra a testar pontos à parte e depois costurá-los ao trabalho, ou então testar à parte (acabando por ficares com uma amostra do teste para trabalhos futuros) e voltar a reproduzir diretamente no trabalho.
Dicas gerais
Por último, ao escolher o tipo de linha ter sempre em conta:
a maleabilidade, para poderes desmanchar e voltar a usar (pêlo tipo mohair só vai dificultar a vida);
o peso, quanto mais pesada a linha menos confortável a peça de roupa vai ser;
Elasticidade natural, o algodão tende a dar mais tensão aos pontos do que o acrílico ou lã, por isso, dependendo que vás fazer tem sempre em conta o quão elástico queres o resultado final.
Espero que estas dicas que guardei para mim te sejam úteis e se tens outras tantas que gostarias de partilhar, podes partilhá-las nos comentários abaixo.
Até ao próximo post!